quinta-feira, 16 de junho de 2011

Aquí es trabajo, mi hijo!

Faz tempo que eu não percorro o fértil caminho das elucubrações ludopédicas. Minha principal desculpa era a falta de inspiração, uma soma de falta de assunto com distanciamento do mundo futebolístico. Pois eis que ontem, quando consegui assistir Peñarol x Santos, ambas as justificativas caíram por terra.

Já do meio para o fim do jogo, comecei a projetar uma possível (seguro-me para não escrever 'provável' e zicar o Santos) classificação de Muricy, Neymar, Ganso & cia para o Mundial de Clubes do fim do ano. Não só o épico embate com o Barcelona, mas todos os impactos que ele poderia dar no futebol mundial.

Por exemplo, imaginem que o Barça começa a temporada que vem do mesmo jeito que acabou essa: passando por cima do Real. Imaginem uma goleada na Supercopa da Espanha já para começo de conversa. Imaginem também que o confronto do 1º turno do Campeonato Espanhol aconteça logo antes do início do Mundial de Clubes e que role outra derrota acachapante dos comandados de José Mourinho. Chegado o Mundial, imaginem que o Barça enfie uma goleada histórica na semifinal contra um Al alguma coisa e chegue na final jogando seu melhor futebol até o momento.

Daí, imaginem a final. Imaginem que o Pará anule o Messi (como o Ceará anulou Ronaldinho em 2006). Imaginem que Arouca e Danilo sejam as sombras de Iniesta e Xavi e não os deixem respirar. Imaginem que Ganso deixe Neymar no mano com Puyol logo aos 10' e que o Santos abra o placar. Imaginem que o Barça vá para a pressão, tenha 75% de posse de bola, mas que Rafael faça a melhor partida da sua vida (como Rogério Ceni em 2005) e que, no contra-ataque, o Santos faça 2x0 ainda no 1º tempo.

Imaginem que o panorama não mude no 2º tempo - o Barça suba para 80% de posse, o Santos se defenda como se a vida dependesse disso. Guardiola lança mão de todos os seus atacantes no banco, Daniel Alves vira ponta-direita, o esquema lembra um 2-3-5. Messi consegue se livrar de Pará pela primeira vez no jogo, mas Edu Dracena aparece na cobertura e dá um bico na bola. No primeiro contra-ataque que encaixa no 2º tempo, o Peixe amplia para 3x0.

O Barça não se entrega - ainda falta meia hora de jogo, ainda dá para sonhar com o empate. Porém, além de Rafael continuar operando milagres, a trave ainda salva o Santos em duas oportunidades. Aos 30', Ganso recebe uma bola no grande círculo, avança até a intermediária catalã e solta um petardo no ângulo de Valdéz. 4x0, caixão fechado.

Por fim, imaginem o que se passa na cabeça de Florentino Perez, presidente do Real, nessa hora. Os milhões gastos com Mourinho e os seguidos vexames pela mão dos maiores rivais. Seu elenco estelar se humilhando a cada encontro com os blaugranas. E esse treinador brasileiro me consegue não só parar o Barcelona, mas ainda colocá-lo de joelhos! E por uma fração do preço! É tudo o que ele precisa!

No dia seguinte, o Marca divulga a demissão de Mourinho e a proposta milionária para Muricy ir do Santos para os merengues. The Special One solta o verbo contra o Real, a cidade de Madri e a Espanha como um todo e volta ao Chelsea, que por essa época já deve ter demitido seu 3º técnico do ano.

Uma comitiva merengue vem à Santos para fazer a proposta ao técnico brasileiro, sendo recebida para um churrasco em sua casa no Guarujá. Depois de muita discussão, muita seda rasgada, Muricy condiciona seu acerto a dois pontos: a diretoria santista liberá-lo do contrato e o Real contratar também o Pará. Florentino, que esperava ter que desembolsar milhões para levar Neymar e Ganso, aceita na hora.

Assim, nasce a era do Muricy-fútbol!