terça-feira, 13 de março de 2012

Mão Trocada

E não é que Lionel Messi, o ser mais poderoso do Lado Negro da Força (aquele que inclui os atacantes em geral e os do time adversário em particular), resolveu fazer um bico como Jedi num treino?


Evolução natural da carreira

Apesar do louvável esforço diplomático (mesmo depois de trucidar o alemão Bernd Leno aqui), sou obrigado a apontar para La Pulga que bolas altas devem ser defendidas com a mão trocada. Essa bola seria muito mais fácil de alcançar com a mão esquerda.

Mas, para que o Messi não se sinta desprestigiado por isso, vale dizer que uma defesa 'errada' é sempre pereferível a um gol tomado com o movimento 'certo'. Por exemplo, a defesa mais famosa da carreira do Rogério Ceni foi feita com a 'mão errada'.
 
Quase, né, Gerrard?

Mais do que facilitar as defesas, os movimentos 'certos' servem para possibilitar a defesa em situações onde a única outra alternativa seria o gol - que, convenhamos, é mais catástrofe que alternativa. Nos exemplos acima, a 'mão errada' serviu muito bem para o Rogério e o Messi, mas ela dificilmente serviria para o Stekelenburg na última Copa, naquele chute por cobertura do Kaká.
 
Se essa entra, nem o Felipe Melo estragaria...

Como também não serviu para o Julio César no 100º gol do Rogério.


Se fosse com a mão certa, nem teria que discutir se é 98º ou 100º...

A mão trocada é um recurso extremamente útil para qualquer bola alta, acima da linha do pescoço do goleiro, uma vez que amplia o alcance da defesa. Em muitos casos, ela é o único recurso. Isso é fácil de comprovar, nem precisa de bola ou gol: incline seu tronco lateralmente, como se estivesse fazendo uma defesa. Agora, imagine que tem uma bola acima da sua cabeça e tente alcançá-la com uma mão de cada vez. Qual mão chegou mais alto, a 'certa' (de baixo) ou a 'trocada' (de cima)?

Entretanto, sua aplicação não é simples, especialmente em bolas do lado da mão forte (direito para os destros, esquerdo para os canhotos), já que o movimento intuitivo é ir com ela na bola. Fazer uma defesa de mão trocada requer elasticidade e, principalmente, domínio dos fundamentos da função - não é para qualquer um que calce as luvas e vá para o gol.

O caminho é longo e o trabalho é árduo, mas poucas coisas no futebol são tão recompensadoras quanto uma defesa de mão trocada com a ponta dos dedos, daquelas em que o atacante já sai arrogantemente para comemorar antes mesmo da bola entrar. Dá uma sensação de ter feito o impossível, de ter trapaceado o destino e as leis da física - mais ou menos como o Messi deve se sentir a cada jogo.