terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Curtas

Ontem acabou a luz lá em casa. Tive que sair de carro e desci dois andares no escuro para mergulhar na mais escura ainda garagem. Não sou dos mais assustadiços, mas fiquei com medo daquele breu todo. Abri o celular para poder achar meu caminho e com a parca iluminação dele cheguei ao carro. Quando abri a porta, a glória! A luz interna acendeu! Mas eu ainda estava desprotegido lá fora, por isso entrei rapidamente e fechei a porta - só para a luz se apagar de novo. Acendi o farol antes mesmo de ligar o carro e, com o coração aos pulos, olhei em volta esperando ver ladrões, animais selvagens, vampiros ou algum outro predador. Não tinha nada nem ninguém, óbvio. Mas só me acalmei e consegui rir de mim mesmo quando cheguei na rua.
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Dei para cozinhar, ultimamente (pausa para piadinhas homofóbicas de naipe 5ª série, tipo "hummm, já deu, é? Meio caminho andado pra virar chef"). Já faz algum tempo que eu vinha ajudando na cozinha, variando do básico descascar-fatiar-picar até o complexo cozinhar-o-macarrão-no-ponto-certo. Porém, tirando saladas e sanduíches, nunca tinha antes feito um prato de cabo a rabo. Sozinho. Só eu.

Pois agora mais essa barreira foi transposta. Semana passada eu me aproveitei de um lapso da guardiã das comidas e temperos (lapso este que resmungava de fome no quarto) e, enquanto ela amamentava, fiz um macarrão. Sozinho. Só eu. Foi um rigatone ao molho de Rattatouille. E ao invés de me dar uma bronca por ter profanado os mistérios da culinária, a guardiã comeu e gostou (ou, se não gostou, disfarçou bem). Isso me deixou ainda mais ousado e no sábado seguinte, preparei um café da manhã completo, com direito até a ovos mexidos.

A culinária, como toda arte, é a aplicação de técnicas para atingir formas e formatos diferentes, com um quê pessoal. E agora que eu aprendi um pouco dessas técnicas, posso começar a aplicar nos pratos a filosofia Joey Tribbiani: juntando coisas gostosas, só pode ficar gostoso.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A arte de presentear

Sim, eu sei que dar presentes é uma coisa muito pessoal e que cada um encara a coisa de um jeito, mas para mim, dar presentes é algo muito legal. Divertido mesmo. Tanto que nas minhas divagações, quando penso no que faria com o prêmio da Mega-Sena se ganhasse, os presentes que eu daria tem sempre um papel central. Dar um presente, para mim, é a oportunidade de forjar um vínculo indissolúvel com o presenteado. De demonstrar que você presta atenção no que ele faz ou diz e que liga os pontos para chegar naquele presente em especial.

Um presente é mais do que algo material dado de graça em ocasiões específicas. Quando bem escolhido, ele contém um pouco do presenteador e um pouco do presenteado. Não basta ser uma coisa que agrade quem você quer presentear, tem que ter o seu toque pessoal. Tem que ser algo relativo a uma conversa que vocês tiveram sobre algum assunto, ou a uma observação que você fez dos hábitos dele, ou a um interesse em comum que vocês tenham, ou a qualquer coisa que os una de alguma maneira.

Não precisa de uma investigação profunda ou horas de pesquisa, basta pensar um pouco no que você conhece da pessoa. Do que vocês já conversaram? Que hobbies você sabe que ela tem? O que vocês já fizeram juntos? Que projetos pessoais ela começou recentemente? Que livros ela já leu ou anda lendo? Com um pouco de informação nesse sentido, já dá para fazer uma série de associações para chegar ao presente.

Não interessa apenas o que a pessoa gosta, mas sim o que ela pode associar a você. E não vale fazer igual Papai Noel e perguntar o que a pessoa quer ganhar - isso tira automaticamente a sua parte e faz virar um vale-presente, o maior atestado de não-ligo-a-mínima-para-você que existe.

O Papai Noel, pelo menos, tem a desculpa de não poder conhecer todas as crianças boazinhas do mundo. Você não. Por isso, 'gaste' um pouco mais de tempo na busca do presente ideal. A alegria da pessoa ao abri-lo vai fazer valer a pena.