O sábado estava ensolarado, mas não muito quente. Clima perfeito para jogar futebol. Ainda bem, pois hoje é o dia do jogo mais importante da minha vida. Pelo menos até agora. Meu time, o Babilayna, vai enfrentar o arquirrival da cidade, o Salisbie, no clássico mais famoso da região. E é nesse jogo que, tradicionalmente, os olheiros de times profissionais aparecem na cidade - e dizem por aí que tem mais de dez deles com reserva no hotel lá no centro. Não adiantava fazer 3 gols por jogo no resto do campeonato, se você não jogar bem nesse jogo, já era. Podia dizer adeus ao sonho de virar jogador profissional.
No Salisbie joga meu ex-melhor amigo, o Thjis (pronuncia-se Djis). Nós jogamos juntos na escola e formamos a dupla de ataque mais temida do campeonato estudantil. Eu fui artilheiro e ele o líder de assistências. Mas o Thjis nem quis tentar a sorte no Babilayna - que, como todo mundo sabe, é o melhor time da cidade. O Salisbie é só para os losers que não conseguem vaga no Babilayna. E o Thjis, mesmo sabendo disso, foi direto para lá, para seguir os passos do loser do pai dele - que, dizem por aí, tinha amarelado solenemente no clássico, quando jogou.
Já o meu pai, que tinha jogado no Babilayna na mesma época, só não virou profissional por azar - tinha tido uma indigestão na véspera do clássico e mal se aguentava em pé no jogo. Segundo contam, um olheiro até foi falar com ele depois da partida, dizendo que queria muito indicá-lo, mas que com a bola que ele jogou não tinha como. Como eu disse, puro azar.
Mas o Thjis não. Ele tinha escolhido sua própria sorte. E agora, nem sair jogando no clássico ele ia, pois tinha perdido a posição há umas duas rodadas. Praticamente jogou o futuro no lixo. Não que se saísse jogando ele tivesse muita chance.
Bom, chega de pensar nele. Preciso me concentrar, que o jogo começa daqui a algumas horas.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
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