sexta-feira, 6 de março de 2009

Sessão Corujão

Antes que vire notícia antiga, vale a menção ao jogo América de Cali 1 x 3 São Paulo. Rogério fez grandes defesas, especialmente em uma falta que inventou de armar a barreira pelo lado oposto, mas o personagem da noite foi o jovem Julián Mesa, do time colombiano. Do alto dos seus 20 anos, ele assumiu a titularidade do maior time do país depois que o uruguaio Adrián Berbia, destaque do time que conquistou o Finalizacion colombiano em 2008, foi negociado. Não sei o quanto ele tem comprometido nos demais jogos, mas a torcida ontem pegou pesado no seu pé.

No primeiro lance agudo do jogo, um lançamento longo de Jorge Wagner, Washington desviou de primeira, indefensável. Depois, o América passou a atacar mais e ele praticamente não foi exigido, até que o Hernanes arrumou outro excelente lançamento para o Washington. Contra todos os prognósticos da torcida são-paulina, o Coração-de-Leão deixou dois marcadores pra trás na corrida, só que adiantou demais a bola quando ajeitava para bater. Porém, Mesa não saiu do gol e o brasileiro teve tempo de chegar na bola e bater pra dentro.

Primeiro fato inusitado da noite: o zagueiro Viáfara (que, aliás, era o único do time que não tinha símbolo na camisa) foi tirar satisfação com o goleiro e ambos se engalfinharam na área. A TV nos poupou do espetáculo grotesco e o árbitro poupou os dois da merecida expulsão. Quem não poupou ninguém foi a torcida, que passou a vaiar toda vez que Mesa pegava na bola.

Lembrei da minha primeira participação na Copa São Paulo de Juniores, pelo Atlético de Sorocaba, em 1998. Eu tinha 18 anos e muito pouca quilometragem. Jogamos contra a Ponte-preta e perdemos por 4 x 2 com dois gols do Luis Fabiano e dois do Adrianinho. Eu errei a saída do gol no primeiro e estava adiantado no último e as 5 mil pessoas que compareceram ao estádio da Estrada de Ferro naquele domingo chuvoso também não me pouparam. Isso numa copinha, em um clube sem nenhuma perspectiva de passar de fase (o grupo tinha ainda o Atlético-MG). Só posso imaginar como foi a pressão em cima do Mesa lá em Cali, mas digo que não deve ter sido nada agradável.

No segundo tempo, logo aos quatro minutos, Miranda cabeceou uma bola à queima-roupa e Mesa espalmou, meio atabalhoado. No rebote, Borges completou para o gol. Não sei se houve falha dele, pois foi uma bola próxima, mas como a torcida já estava no seu pé, pensei que ia cair de pau em cima.

Segundo fato inusitado da noite: a torcida pegou leve com o garoto após o terceiro gol. Não chegou a apoiá-lo abertamente, mas deixou de vaiá-lo a cada lance, o que já deve ter tirado um baita peso dos ombros dele. Óbvio que o seu rendimento também melhorou, pegando três chutes fortes que, embora tenham ido em cima dele, podiam ter complicado bastante um goleiro já inseguro. Mas onde é que já se viu uma torcida compreensiva e racional?

Opa, eu disse racional? É melhor retirar cada letra da palavra. Logo após o gol, a torcida começou a jogar objetos no campo. O árbitro, o argentino Hector Baldasse, interrompeu a partida, pegou o radinho e o levou até o quarto árbitro.

Terceiro e último fato inusitado da noite: Baldasse, de muito bom humor, simulou algumas vezes estar ouvindo rádio no caminho até o quarto árbitro. Quando mais tarde jogaram um celular em campo, achei até que ele iria atender.

No fim das contas, o garoto Mesa até que se saiu bem. Pelo menos melhor do que eu em 98.

2 comentários:

  1. Dudu, uma bola na área off topic, para que você, na condição de especialista, saia de soco e mande para a intermediária: o Felipe, do Corinthians, é o Fabio Costa de amanhã? Quanto há de verdade nessa afirmação?

    Abraço!

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  2. Fala, Paulinho!

    Comecei a responder por aqui, mas o assunto cresceu. Vou postar sobre isso em breve.

    Abraço e obrigado pela sugestão!

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