segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Pegada

A Pegada é a principal ferramenta de trabalho de um goleiro. Seja para uma defesa a meia altura no meio do gol, uma bola rasteira no canto ou uma ponte para cortar o cruzamento, ela será sempre a conclusão ideal da defesa. Tradicionalmente, a boa pegada é feita com as duas mãos abertas, com os polegares e indicadores formando um losango (ou balãozinho), separados por alguns centímetros. Para que a defesa seja segura, é necessário usar as palmas para aparar a bola enquanto os dedos ficam responsáveis pela força para controlá-la.

Nos meus bons tempos de profissional, ter uma boa pegada era condição sine qua non para um goleiro chegar ao time principal. Era inconcebível ver um goleiro espalmar um chute de meia-distância em cima dele, por mais forte que fosse. Infelizmente, somando os avanços tecnológicos da bola - sempre em prol dos atacantes - com o aumento da leniência da opinião pública e a ausência quase absoluta da teoria na preparação de goleiros, temos uma involução na técnica de defesa. Hoje em dia, rebater um chute que vem na cara é considerado uma defesa difícil.

Vivemos em um período onde é grande a valorização do fim, independente da forma para atingi-lo. Se o goleiro evitou o gol, já está bom. É para isso que ele está lá, certo? Errado! Assim como o centroavante é o primeiro defensor do time, o goleiro é o seu primeiro atacante. Uma defesa segura, além de não conceder uma segunda chance ao adversário, permite ao goleiro iniciar um contra-ataque. Além disso, com a técnica correta um goleiro pode chegar mais longe e mais rápido do que indo na bola de qualquer maneira. Sem ela, o goleiro até conseguirá defender as bolas mais fáceis, mas provavelmente não chegará nas mais difíceis.

Então o goleiro pode deixar para usar a técnica correta apenas nas bolas difíceis? Até pode - o Buffon é um cara que vez ou outra faz isso - mas isso apenas aumenta os riscos de uma bola teoricamente fácil. Tendo em vista as dificuldades geradas por atacantes adversários, fabricantes de bolas e os velhinhos da Football Association (responsáveis pelas regras do ludopédio oficial), creio não ser a melhor estratégia, mas vai do apetite por risco do cidadão.

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