Poucas coisas nesse negócio de ser pai são mais difíceis que a tal da vacina. Você leva sua bebê na clínica ou no posto, toda risonha e feliz, brincando e sorrindo para tudo. Ela encanta todo mundo, da recepcionista à médica, e olha para você com aquela cara de felicidade plena que só os bebês tem. Sim, a vida é bela e colorida.
Mas eis que chega a hora da verdade. Você segura a perna dela no lugar (e tem que ser você. A enfermeira fica com a seringae a mãe praticamente vira de costas para não ver) e ela pensa que é uma brincadeira, dá risada e tenta se soltar. Daí vem a picada, aquela que você sabia o tempo todo que viria, mas fingia que não era nada, que ela nem ia sentir.
Você vê o sorriso se transformar em um esgar de dor. Os olhinhos, que há poucos segundos brilhavam, enchem-se de lágrimas. Ela está olhando bem nos seus olhos e, chorando, tenta te dizer "papai, isso dói! Faz parar!". Daí ela percebe que ao invés de ajudá-la a fugir, você a está prendendo no lugar. Você é um deles.
Aí é que vem o pior. A picada já passou e ela olha para você com uma cara de decepção, de quem foi traída cínica e friamente por alguém em quem confiava a vida. E você não tem nem como explicar que é para o bem dela, que você não é um sádico espetador de bebês.
Sério, pior que isso só se ela pegasse uma das 817 doenças que a dita cuja previne.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
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