quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Primeira Bola

Entidade mítica para todos os jogadores, independente da posição, a Primeira Bola que o dito cujo recebe na partida meio que quebra o gelo, dilui a tensão e faz com que ele esqueça tudo o que está em jogo - seja seu futuro profissional, o leitinho das crianças, o título do 1º turno do campeonato interno do clube ou uma caixa de cervejas - para se focar na bola e suas circunvizinhanças.

Alguns jogadores dependem do sucesso nessa primeira jogada para acalmar os nervos e ganhar confiança. Era o caso do goleiro Sergio quando jogava no Palmeiras. Como são-paulino, pude testemunhar que o primeiro chute, se bem defendido, transformava-o em uma muralha. Mas se quaquer problema acontecesse nessa intervenção inicial, a área do alvi-verde seria um deus-nos-acuda até o fim do embate. Cheguei a pensar em escrever para o Telê, pedindo que ele instruísse o time a não desperdiçar a Primeira Bola em jogos contra o Palmeiras com chutes fáceis, mas nunca concretizei a idéia.

Dario, o Dadá Maravilha, é outro caso emblemático. Conforme o Falcão nos conta em seu excelente Histórias da Bola, todo começo de partida o Dadá caia pela lateral, pedia a bola, dominava e devolvia para quem tocou. Sem esse pequeno ritual, ficava nervoso e não conseguia jogar. E pensar que algo tão prosaico era o ponto fraco de uma das três coisas que paravam no ar (Nota do Blogueiro: até onde se sabe, o helicóptero e o beija-flor continuam parando).

No meu caso, a Primeira Bola é um indicador de quão bem preparado eu estou para a partida. Em outras palavras, quão naturais e intuitivos os movimentos estão. Caso não estejam lá essas coisas, o jogo é bem mais cansativo, pois requer atenção em toda e qualquer intervenção, por mais simples que seja.

Sim, há mais coisas entre o céu e a Terra do que supõe a nossa vã filosofia. Dentro das quatro linhas, então, nem se fala!

Nenhum comentário:

Postar um comentário