segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Capítulo 1

Eram 3 horas da manhã em Boston, Massachussets. Rupert Longdon, professor de simbologia e iconografia da Universidade de Harvard, dormia, roncava e babava no travesseiro em seu apartamento. Sonhava com sua última aventura estapafúrdia na Europa, cheia de reviravoltas surpreendentes, onde tivera que seguir pistas deixadas alguns séculos atrás, desvendar mistérios dos maiores gênios da humanidade e frustrar os planos de uma organização extinta. Mais do que isso, sonhava com a doce Sofia, quando a campainha estridente do telefone o arrancou violentamente dos braços de Morfeu.

Do outro lado da linha, uma voz gutural tentava se comunicar num inglês macarrônico com sotaque paulista. Suspirando profundamente e agradecendo aos céus por ser fluente em português, assim como em alemão, francês, italiano, latim, javanês e fenício, Longdon disse:

- I’m sorry, sir, mas aqui não é do consulado brasileiro!

- Mr. Longdon, não desligue! – insiste o inoportuno interlocutor – Tenho certeza que o senhor irá se interessar pelas notícias que eu trago.

Humm...o interlocutor o conhecia. Era preciso ganhar tempo.

- Você vai dizer que a Gisele Bündchen quer me conhecer?

- Não, mas...

- Que vou ser homenageado no desfile da Mangueira desse ano?

- Acho que não...

- Que o São Paulo Futebol Clube vai me contratar pra ser centroavante?

- Nã...

- Então você não tem nenhuma informação que me interesse.

- Mr. Longdon, você não entende, nós vamos estar precisando urgentemente da sua presença para estarmos resolvendo esse mistério...

- Que mistério? Tou com a agenda lotada, meu amigo. Não posso perder tempo com misteriozinho de terceiro mundo...

- Mas esse é dos bons! Tem implicações políticas, ideológicas, econômicas e futebolísticas! Quando resolvê-lo, o senhor alcançará a glória imorredoura!

- Ainda não me convenceu. Faz de conta que eu quero mudar de operadora. Como você vai me fazer ficar?

Alguns minutos de tensa negociação depois, Rupert Longdon aceitou viajar ao Brasil sem compromisso. Se aceitasse colaborar, receberia U$1 milhão de luvas, mais U$250 mil de direito de imagem, vale refeição e celular da empresa. Além disso, caso o mistério fosse solucionado a contento, teria direito a 10% de quaisquer propinas envolvidas e uma entrada VIP-ANUAL para o Café Photo. Assim, pegou sua mala, seu Guia 4 Rodas de 1994, seu passaporte e se encaminhou ao Aeroporto Internacional de Logan.

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