quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Agruras da transmissão esportiva no Brasil - III

Ontem ouvi o primeiro tempo dos jogos das Eliminatórias da CONMEBOL pelo rádio. Como no meu carro o AM pega muito mal, as opções eram a CBN, passando Brasil x Venezuela, e a Bandeirantes, com Uruguai x Argentina. Não, a Transamérica não é opção.

Como o jogo de Montevideo era muito mais interessante que o de Campo Grande, comecei na Band. Meu Deus, o narrador parecia operador de telemarketing! Seu bordão é "vai anotando aí, torcedor! A bola vai rolando, a Bandeirantes informando e você vai se ligando!". Pode até não ter erro de português, mas ô coisa feia! Sem falar no comentarista, deprimido e deprimente, que só falava quão ruim era o jogo e como ele não conseguia nem lembrar de alguma chance de gol para algum dos lados - detalhe é que eu cheguei no clube a tempo de ver os melhores momentos do primeiro tempo e vi três chances claras antes dos 20 minutos. Dizem que ginseng e pó de barbatana de tubarão ajudam a melhorar a memória.

Sou do tempo em que as transmissões do rádio eram empolgantes, mais até que as próprias partidas, por isso resolvi dar uma chance ao Brasil x Venezuela. Porém, foi só mudar de canal que peguei o narrador chamando o estádio Morenão de Mineirão. Daí, começou a ler as perguntas no chat da rádio e repassou uma delas à repórter: por que o estádio se chama Morenão? A moça me responde que não sabe, mas vai até perguntar para alguém por ali para ver se descobre. Um show de pró-atividade!

Voltei ao clássico platense bem a tempo de ouvir o narrador anunciando "tempo e placar aqui no Morumbi". Em seguida, o comentarista fala de um lance na zaga argentina e diz que "o corte foi do O-ta-men-di. Otamendi, é isso mesmo!".

Volto à Campo Grande. O narrador está indignado com a não marcação do que parecia ser um penalti claríssimo para o Brasil. Chama a repórter, que compartilha da sua indignação. Chama o comentarista, que está vendo o jogo na TV e diz que o replay mostra claramente que não foi penalti. Mea culpa do narrador? Congratulações ao árbitro pelo acerto? Nada, segue o jogo. Só faltou o narrador dizer "mas bem que ele podia ter dado".

Nas transmissões de jogos pela TV, há o recurso de colocar no mute e só assistir à partida. No rádio, nem isso. Alguma emissora devia transmitir apenas os barulhos do jogo, a torcida, o áudio dos treinadores, etc, para que nós tivéssemos uma opção nessas horas inglórias.

Um comentário:

  1. Mion meu chapa. Outro dia estava voltando de Santana de Parnaíba num domingo à noite e deixei na Jovem Pan. Outrora casa de José Silvério, o melhor narrador de rádio desse país, agora conta com um Flávio Prado decadente e sensacionalista e como âncora do pós jogo o Nello Rodolpho (!!!!), ex-vereador do esquema dos fiscais do Pitta.

    Quem foi criança na década de 80 como eu se lembra do famoso jingle: "faça chuva ou faça sol, domingo é o dia de assistir ao futebol" da Pan.

    E a gente pensa... que tristeza a transmissão esportiva nos dias de hoje...

    Fabio M

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