sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Capítulo 7

No bar da cobertura do Edifício Itália, vários executivos se acomodavam nas mesas e no balcão, afrouxando o nó da gravata e se desfazendo do paletó. Era o início do ritual de confraternização que aplacaria os deuses do stress, do mau humor e das preocupações corporativas: o happy hour. Muita gente, muito barulho e uma legião de garçons distribuindo bebidas completavam o panorama, enquanto, ao fundo, uma balada de Eros Ramazzotti tocava discretamente.

No terraço, em uma mesa de frente para o sol poente, degustando um Blue Label e petiscando caviar Beluga, J. P. Alphonsus III assistia ao magnífico entardecer. Mesmo após um dia exaustivo de trabalho, seu terno Armani estava impecável. Do bolso de sua camisa se pronunciava o derrière de uma Mont Blanc e uma gravata de seda italiana fechava o conjunto com maestria. Porém, apesar de ser um exímio jogador de pôquer, seus olhos destoavam da harmonia do pacote e traíam as preocupações que lhe iam na alma.

Assim que os últimos raios alaranjados banharam a Catedral da Sé e as estrelas assumiram seus postos no céu invernal de São Paulo, seu celular vibrou, acusando o recebimento de uma mensagem de texto. Ansioso, ele sacou o aparelho e leu o visor. O avião já pousara e eles foram vistos saindo do aeroporto. Bom. Era hora de conhecer o fabuloso americano solucionador de mistérios e acabar de vez com esse pesadelo.

Com um leve aceno, chamou o maître e o instruiu a pedir seu carro. Tomou um longo gole do uísque e, ao recolocar o copo na mesa, percebeu que sua mão tremia. Estava nervoso, mas não era para menos. Ia conhecer o Sherlock Holmes moderno, o Hercule Poirot do século XXI! Em carne e osso, e sem aquele bigodinho ridículo! Relembrou todos os livros de detetive que devorara quando pequeno e sentiu um arrepio de excitação percorrer sua espinha.

Sorveu mais um gole e esboçou um sorriso. Em uma mesa lá dentro começavam a ensaiar um ‘Parabéns a Você’ quando o maître veio avisar que seu carro estava pronto.

3 comentários:

  1. Mion. Já foram sete dos quinze capítulos prontos. Mas agora que você iniciou seu folhetim virtual, trate de terminá-lo :-)

    Afinal de contas, não podemos ter um Brida Reloaded (aquela novela da Manchete que não terminou pela falência da emissora) ou um Twin Peaks v2.0 (série cult do David Lynch mutilada pela Glóbulos).

    Afinal de contas, meus leitores irão cobrá-lo :-)) já que linkei sua já cult versão paródica...

    http://sinosdobram.wordpress.com/2009/10/05/o-codigo-da-vinte/

    Fabio M

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  2. Pois é, a pressão está aumentando e o 16º não sai de jeito nenhum! Mas tenho certeza que tudo dará certo no final. Como? me perguntará você. It´s a mistery, responderei eu, no melhor estilo Philip Henslowe.

    Aguardo pitacos da história.

    Abraço

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  3. Ainda bem que você não ousará deixar seus leitores sem o final do Código Da Vinte. Senão um coreano misterioso poderia visitá-lo em sua residência...

    Quem avisa amigo é :-)

    Fabio M

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